Algumas clínicas que se dizem especialistas em saúde sexual masculina propõem as injeções penianas como a única forma de tratamento para as disfunções sexuais do homem. É uma postura que não encontra respaldo na comunidade científica.
O uso de injeções penianas para tratar problemas de ereção teve seu início muito antes do aparecimento das drogas de uso oral. Em 1982, o Professor Virag descobriu que a substância Cloridrato de Papaverina produz uma ereção firme e prolongada quando injetada no corpo cavernoso (um par de estruturas cilindricas que contém a maior parte do sangue do pênis durante a ereção). Desde então, várias outras drogas foram desenvolvidas. Hoje em dia, as mais utilizadas são a Prostaglandina, Papaverina e Fentolamina.
O método consiste em treinar o paciente a aplicar no próprio corpo cavernoso peniano estas drogas com objetivo de manter uma atividade sexual completa. Antes que tenha condições de se autoplicar, o paciente recebe instruções para manusear seringas e agulhas de maneira asséptica.
Falando desta forma, pode parecer algo complexo e difícil de ser realizado por leigos. No entanto, aqueles que se permitem experimentar o método muitas vezes se tornam usuários regulares desse tipo de tratamento. A técnica é extremamente eficaz e fácil de ser aprendida.
Para que o paciente faça uso desta terapia é necessário que haja uma indicação precisa pelo urologista e, evidentemente, treinamento adequado. Além disso, é fundamental que o paciente tenha acesso ao seu médico a qualquer hora, visto que existem alguns cuidados a serem observados, como a possibilidade de ereções prolongadas (priapismo) no início do tratamento. Nesse caso, a rápida intervenção médica se faz necessária.
Existem outras complicações possíveis, como a queda de pressão arterial (muito rara) e a probabilidade (em torno de 5%) de surgir um nódulo de fibrose que acarrete uma curvatura do pênis. Se isso acontecer, pode ser necessário modificar o tipo de tratamento.
Por estes motivos, volto a dizer que a indicação deve ser precisa e o acompanhamento constante pelo médico responsável.
Infelizmente, algumas clínicas propõem esta técnica como a “única” forma de tratamento, e indicada para qualquer caso, mesmo se sabendo dos riscos que estão expondo o corpo cavernoso de seus pacientes. Em muitos casos, aliás, os pacientes nem precisariam desse tratamento.
No meu modo de ver, os homens com reconhecido comprometimento orgânico dos mecanismos de ereção poderão se submeter às injeções. Naqueles casos em que o estado emocional seja o fator principal para a Disfunção Erétil, a indicação para uso das injeções deve ser cuidadosamente avaliada. Também penso que o uso de comprimidos orais deve ser sempre utilizado antes da decisão de indicar uma terapia com as injeções.
Segundo reuniões dos Comitês de Especialistas que ocorrem mundialmente para padronização de condutas em Disfunções Sexuais, os tratamentos com injeções penianas não estão indicados para casos de ejaculação precoce. Estes pacientes não têm problemas de ereção para se exporem aos riscos do tratamento. Propiciar uma ereção prolongada não significa que a ejaculação será mais demorada, ou que com isto, o casal terá uma atividade sexual mais satisfatória.